O delegado Luiz Cravo Dórea, 41, superintendente da Polícia Federal no Acre, diz que a Amazônia é porta de entrada de cocaína. Em entrevista ao site Terra Magazine, Dórea diz que a vastíssima Amazônia brasileira ainda é a principal porta de entrada da cocaína produzida na Colômbia, Peru e Bolívia, e que pode-se acrescentar também os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. "Considerando que esses três países são os principais produtores de cocaína do planeta, os Estados brasileiros que fazem fronteira com eles são, conseqüentemente, importantes portões de entrada da droga no país", diz.
Na entrevista, ele ressalta que o consumo de cocaína no Brasil cresceu mais de 30%, média de 6% ao ano, desde 2002. Ele informa que a PF está investindo no binômio tecnologia/recursos humanos para combater ao tráfico. "Modernizamos todo o nosso sistema de inteligência. Também adquirimos barcos e veículos novos, como camionetes adequadas para ramais e estradas de difícil acesso, computadores novos para todas as delegacias, principalmente a de Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá, e Epitaciolândia, fronteira com a Bolívia", diz.
Além disso, prossegue, a PF melhorou o sistema de comunicação via rádio e colocou internet banda larga nos Postos de Controle de Fronteira de Plácido de Castro, Assis Brasil, Santa Rosa do Purus e Marechal Thaumaturgo. "Isso nos permite acessar todos os bancos de dados centralizados em Brasília. A nossa perícia recebeu equipamentos sofisticados e treinamentos específicos. Os traficantes, por sua vez, estão mais cautelosos. Da mesma forma que empresários, eles fazem análise de riscos e estão constantemente alterando suas rotas e meios de ocultamento da droga", explica.
Dórea diz que os traficantes preferem dividir uma partida de 200 Kg de pasta base de cocaína em 40 remessas de 5 Kg, a fim de diluir o prejuízo caso alguma remessa seja interceptada pela polícia. Não têm sido comuns flagrantes de transportes acima de 50 Kg, como já foi. "Outra mudança significativa é que o Brasil deixou de ser um país prioritariamente de trânsito para se tornar o segundo maior consumidor mundial de cocaína, segundo dados da ONU, em 2008", destaca.
Ele explica que o maior problema não é de estrutura, mas sim de dimensões territoriais. "Com a vasta linha de fronteira do Brasil, torna-se impossível bloquear de maneira absoluta o transporte dessa droga através do nosso país. Não podemos simplesmente revistar todos os passageiros dos aviões, todos os veículos nas estradas, todos os barcos, tampouco tratar todo cidadão como suspeito de um crime ainda não descoberto", disse.
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