Um motorista de um caminhão que transportava madeira supostamente retirada de forma ilegal da Floresta Nacional do Jamanxin, no oeste do Pará, foi ferido a tiros por fiscais do Ibama na tarde desta terça-feira, 2, há 50 quilômetros a cidade de Novo Progresso, em uma estrada vicinal da Rodovia Br-163. Nelson da Silva levou dois tiros de um fiscal do Ibama após uma discussão e foi abandonado no meio da estrada pela equipe de fiscalização, que se evadiu da região após o episódio. Em Novo Progresso, o clima está tenso e a população revoltada com o caso, que está sendo encoberto pelo Ibama e pela Polícia Civil, que se nega a dar informações sobre o caso.
Segundo relato do caminhoneiro, ele conduzia o caminhão carregado de madeira na Vicinal do Jamanxin, há cerca de 50 quilômetros de Novo Progresso, quando foi parado por uma equipe de fiscais do Ibama. Os fiscais apreenderam imediatamente o caminhão, mas mandaram o motorista conduzi-lo até a base operativa do Ibama, em Novo Progresso. Logo à frente, o veículo atolou, impedindo que a viagem continuasse. A partir daí, o que se sucedeu foram cenas de abuso de poder e autoridade dos fiscais do Ibama, que começaram a xingar o motorista, humilhá-lo e ameaçá-lo de morte, alegando que Nelson havia atolado o veículo de propósito. Como o veículo não saiu mais do atoleiro, os fiscais aumentaram o grau de agressividade.
Segundo relato do motorista, um fiscal chegou a dizer que já havia matado três pessoas, e que mais um não faria diferença. Nelson então se desesperou e disse que o Ibama poderia apreender o caminhão, mas não poderia prende-lo, saindo do local caminhando. Um fiscal do Ibama, que não teve a identidade revelada pela polícia, começou a xingar o caminhoneiro e disparou dos tiros, com arma também não revelada pela Polícia Civil de Novo Progresso. Os disparos acertaram as duas pernas do motorista, que ficou estendido no chão.
Uma testemunha conta que os fiscais do Ibama foram embora e largaram Nelson no meio da estrada, sem prestar qualquer socorro. Baleado, Nelson foi levado depois para um hospital de Novo Progresso, onde foi operado e passa bem, sem risco de vida. Os fiscais do Ibama foram para a cidade e registraram um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia Civil, que é comandada pelo delegado Antonino Carlos. O delegado sequer teve o cuidado de apreender as armas usadas na ação, para eventual exame de balística, liberando os fiscais e abrindo inquérito para apurar o caso.
Nesta quarta-feira, a reportagem entrou em contato com o delegado por duas vezes, solicitando informações sobre o caso, mas o mesmo se negou a prestar qualquer informação, nem mesmo o nome da vítima. Nas duas vezes ele disse que um escrivão iria repassar as informações, que ligasse depois, mas o escrivão mencionado, de nome Jaime, estava de folga e não estava na delegacia. Diante da insistência, o delegado disse, textualmente: "Pode falar que o delegado Antonio Carlos não quis prestar informações", desligando o telefone na cara do repórter.
Um morador revelou que o clima em Novo Progresso é tenso e que a população está revoltada com o caso. "O Nelson é uma pessoa humilde, trabalhadora, foi uma grande covardia oque fizeram com ele", disse o morador, sob a condição de não ter a identidade revelada. Segundo o mesmo morador, a Polícia Civil não quer dar informações sobre o caso, levantando suspeitas de um acordo com o Ibama para não levar o inquérito adianta. "O fiscal que atirou deu depoimento e foi embora, a sociedade quer uma explicação", cobra.
Diante da negativa do delegado, as suspeitas de um acordo só aumentam, uma vez que o Ibama, sempre rápido em informar quando seus fiscais correm algum perigo, desta vez não divulgou uma palavra a respeito.
Do site EcoAmazônia
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